Home Criação de Filhos Por que meu filho esquece – parte 2

Por que meu filho esquece – parte 2

Uma revisão do tema a partir da Terapia Cognitivo-Comportamental

Em Janeiro de 2020 escrevi o artigo “Meu filho esquece o que acabou de ler”, onde discutimos situações comuns em que crianças parecem esquecer o que acabaram de ler, levantando hipóteses sobre distração, estresse ou hábitos inadequados antes do estudo. Agora que terminei recentemente a graduação em Psicologia, gostaria de revisitar o tema sob a perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).

O que aprendemos com a TCC sobre atenção e memória? Nossos pensamentos influenciam diretamente nossas emoções e comportamentos e quando uma criança lê e não retém a informação, isso pode estar relacionado a Pensamentos automáticos como “Eu não consigo aprender” ou “Isso é difícil demais”, que geram ansiedade, reduzindo a concentração. Também podem existir Crenças intermediárias do tipo “Se eu não entender rápido, significa que sou burro”, aumentando a pressão interna. Também  podem existir Comportamentos de esquiva, como evitar a leitura ou fazer de forma apressada, reforçando o ciclo de dificuldade.

Vamos falar um pouco sobre fatores que podem interferir na retenção da leitura, como Ambiente e rotina, onde o excesso de estímulos (TV, videogame) antes da leitura pode prejudicar a atenção. Estado emocional onde ansiedade ou estresse impactam memória de trabalho e claro Estratégias cognitivas onde a ausência de técnicas para monitorar compreensão, como autoquestionamento.

O que fazer então?

Eu trabalharia nas seguintes intervenções:

  1. Psicoeducação: ensinar à criança e aos pais como pensamentos influenciam desempenho.
  2. Identificação de pensamentos automáticos: “Eu não vou conseguir” onde trabalharia na substituição por “Posso aprender passo a passo”.
  3. Agendamento de atividades para reduzir distrações. Exposição gradual a leituras mais complexas.
  4. Treino de habilidades metacognitivas: ensinar a criança a fazer perguntas sobre o texto e resumir em voz alta.

Veja, o texto que faço referência já tem alguns anos, todavia, se você que está lendo este artigo agora e reconhece este comportamento com seu filho,  o procedimento seria procurar ajuda profissional, pois esquecer o que acabou de ler não é, necessariamente, sinal de preguiça ou falta de inteligência. Muitas vezes, é resultado de fatores emocionais, cognitivos e comportamentais que podem ser trabalhados com técnicas baseadas em evidências.

Se precisar de ajuda é só me chamar.

Sair da versão mobile